quarta-feira, 12 de junho de 2013

O dia em que conheci Aline Belim.

Ainda lembro a primeira vez que me deparei com aquela cena. Eu estava no sufoco, enfrentando o calor desgraçado do Rio de Janeiro, quando Aline Belim apareceu para mim pela primeira vez. Não sei como descrevê-la, afinal, toda a situação já é mais do que o suficiente para ter uma visão de quem é senhorita Belim e meu bom senso não me permite fazer um julgamento - muito provavelmente errôneo - acerca de uma pessoa como ela. A vi pela primeira vez na mesma rua onde mataram Jefferson, que, estou quase certo, era chegado a ela também. Coitado. "Um jovem alegre, cheio de vontade de viver". Ao menos é o que dizem as pessoas que o homenagearam. Provavelmente as mesmas que fizeram as palavras sobre Aline, palavras que me levaram a perguntar quem poderia ser essa dama? E cá venho eu (tentar) revelar quem é e quem foi Aline Belim.

Permitindo a mim mesmo fazer uso das palavras de "Os Irmãos", Aline Belim certamente deve ser, de acordo com a minha incerteza e desconhecimentos indubitáveis, de tudo o que mais belo existe; capaz de ser tão sublime quanto mar e o ar. E se um indivíduo qualquer lhe escreve nas paredes de pessoas desconhecidas que irá lhe absolver de seus pecados em nome de Deus, é certo de que Aline Belim é uma moça especial. Amada por muitos e por outros mais.

Segundo dia em que encontrei Aline Belim, foi em outro muro. "Aline Belim, eu luto por você contra o mundo", eram os dizeres. Não me sobra dúvidas de que um homem que comete um pecado (pichação é vandalismo, e vandalismo é crime. Criminosos podem ser considerados dignos do purgatório) com o objetivo de transmitir uma simples mensagem, de que a absolveu (ou "abissolveu", como o dito cujo resolveu se expressar) em nome de Deus; muito me diz que Aline é uma pessoa incrível. E se o mesmo  sujeito, cavaleiro cavalheiro indomável, decide pôr a prova as próprias forças e combater todo o mundo apenas por ti... Não há nada que apague minha visão perfeccionista sobre Aline Belim.

Alguns poucos séculos atrás, apostando tudo o que tenho e que não tenho, estou convicto de que Aline Belim seria a musa dos poetas românticos. E quando digo romântico, me refiro tanto a aqueles que vivenciaram o período Romancista da literatura, quanto aqueles realmente românticos. Ah sim, Aline Belim seria vista como uma donzela pura e inalcançável, flechando o coração de rapazes que lutariam contra todas as dificuldades apenas para sofrer de amores por ela. Ou nessa situação embaraçosa, o rapaz.

"Aline Belim, eu absolvo você de todos os pecados em nome de Deus."

E eu aguardei. Torci para poder descobrir mais sobre Aline. Mas nada mais veio. Tive apenas que me contentar com as duas frases enigmáticas que, com o passar dos dias, surgiriam em outros e outros muros; muros de senhoras; muros de famílias; muros de comércios. Muros. Mas nada fez o nosso querido herói além do que lembrar a senhorita Aline Belim de que ele lutaria contra o mundo e absolveria dos pecados. Pergunto-me agora se a alma dela já está pronta para escapar do apocalipse e viver na paz de Cristo.

Ainda espero saber mais sobre Aline Belim. A conheci, mas não a vi, ou ao menos a compreendi. É um segredo que se revela aos poucos com frases e pontas soltas. E por mais que eu tenha lhe conhecido e tentando entender o que se passa na sua vida, ainda me faço curioso: quem és tu, Aline Belim?

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