As the morning comes in
And then I find you still asleep
I can hear you... breath.
Lost into those eyes
Simplicity in such a
gentle heart
You're everything
I've been praying for
And you're so close, but so far
I can't take this anymore
Why so shy?
All I need dear, to be fine
It's your smile
All I want dear, its you
by my side
When I look the night sky
You're the only star that still shines
And then I ask myself
If you're thinking of me
As I'm thinking of you
I don't want you go away from here
So I'm begging you, please stay
by my side
You're so close, but so far
I can't take this anymore
Why so shy?
All I need dear, to be fine
It's your smile
All I want dear, its you
by my side
All I need... don't be shy
All I need... please smile
Your body, your skin
Sweet perfume, it's a dream
The kindness of your lips
Your voice echoes in me
And all I ask you... don't be shy
domingo, 23 de junho de 2013
sexta-feira, 14 de junho de 2013
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Sentimental
Acho que esse é um dos meus textos aleatórios favoritos. Primeiramente porque não é bem uma crônica. Tudo é focado mais nos diálogos rápidos e, de certo modo, simples. E particularmente porque eu nunca soube bem como interpretar essa música. Fiz isso mais em um momento de inspiração, mas nunca estive bem certo do que essa composição possa querer dizer. Posso estar certo, posso estar errado.
Enfim...
***
Era mais cedo do que o comum quando
resolveu ir para a cama. O relógio não marcava nem 22h, mas ali estava ele,
deitado sob as cobertas, protegendo-se de algo muito além do que o frio. E
embora demonstrasse uma expressão cansada, seus olhos estavam abertos. Olhava
para o teto, mas a mente estava indo muito além do que gostaria. Não era sua
vontade pensar no assunto, mas de qualquer modo, o luxo de poder querer ou não
alguma coisa já estava fora de seu alcance, ao menos se tratando dos próprios
sentimentos.
Tudo no que podia refletir era sobre
o dia que tivera. As conversas, os conselhos, as lições. E obviamente aquilo o
fazia rever memórias de um passado recente. O rapaz se moveu na cama, a procura
de uma posição que fizesse com que o sono se adiantasse. Mas ele sabia que isso
não aconteceria, e lhe restaria apenas companhia dos seus pensamentos.
Lá estava ele novamente.
Aproximadamente oito horas da manhã, ele na sala de aula de sua universidade. O
professor falava continuamente e ele não estava no humor para aquilo. Era uma
triste segunda-feira e o consciente ainda estava fresco com os ocorridos do
final de semana anterior. Era tudo tão forte ainda, tão bem gravado em suas
lembranças mórbidas. Rabiscava de modo frenético a folha do caderno, desenhando
algo abstrato. Uma aglomeração de traços perdidos, sem foco, sem objetivo. Do
modo como ele se sentia. De modo automático, sua atenção se voltou para a jovem
loira algumas cadeiras mais a frente. Ela fazia perguntas ao professor com
frequência e isso sempre fazia com que os olhos dele se voltassem na direção da
moça. Tão inteligente quanto bonita. Apaixonante, de fato.
– Tão difícil assim deixar de ficar
reparando nela?
Então percebeu que um amigo falava
com ele. Desorientado, virou o rosto na direção de onde ouviu a voz. E então
despertou.
– Por que não volta com ela?
– Não rola.
– Por que não? Ela te ama. Amava,
talvez. Você a amava. Ainda ama, talvez.
– Não
sei. Não é para mim. É tudo muito errado com ela.
– Por
quê? Talvez você esteja sendo o errado nessa situação.
– Não,
não... Ela é muito... Sentimental para mim. Não consigo me adequar ao estilo
dela, sabe? Eu soube desde o início que não ia dar certo...
– Mais
sentimental que você?
Ele parou por um momento,
disposto a pensar sobre a pergunta. Tentou sorrir.
–
Existe alguém mais sentimental do que eu?
O amigo retribuiu o sorriso. Não
era hora pra ficarem conversando. Não era a situação e nem a pessoa certa para
insistir em um diálogo.
Ainda
na cama, mais lembranças surgiram. Aproximadamente vinte e quatro horas antes,
quando estava em casa, tentando não se afundar em mágoas. A noite estava triste,
como se o tempo estivesse se curvando para a situação dele. Estava sofrendo, embora insistisse em não demonstrar esse lado emocional de si mesmo.
Observou a irmã sentar-se no sofá, junto a ele, naquela noite de domingo. Falaram do fato trágico que ocorrera na última sexta a noite. Uma noite como aquela.
– Está
arrependido, não é?
– Nunca
vou me arrepender do que fiz. Era a coisa certa. Ela não era pra mim. Muito...
–
Sentimental?
–
Complicada.
A irmã
ponderou a escolha de palavras do irmão. Era capaz de notar facilmente o semblante
de tristeza que ele tentava não esconder.
– Não
entende, não é?
– Nunca
entendi nada. O que eu não entendo?
– Ela
não é complicada, você que é ignorante. Ela te ama e você responde a esse
sentimento. Ela apenas demonstra isso de um modo diferente de você.
–
Diferente como?
– Eu
não sei. Mas é uma moça inteligente. Ela não vai querer que isso se torne algo
fácil pra ti, afinal, tem que provar que é um indivíduo diferente. Mas você
parece ter falhado no teste.
–
Entendo que ela não queira qualquer um. Mas precisa ser tão...
–
Complicada?
Sentimental...
– É.
– Pense
bem. Você acha que se interessaria tanto por ela se fosse completamente aberta
e falasse livremente? O que o fez se apegar a ela? Não foi o modo enigmático
como sempre lhe tratou?
–
Talvez, nunca pensei muito nisso.
– Você
simplesmente não pensa. A verdade é que já a teria rejeitado há muito tempo, se ela fosse tão
simples. Se fosse apenas mais uma.
–
Talvez...
– Você
só fala "talvez". Talvez devesse conversar com ela e não desistir na
primeira tentativa. Não pode ser tão difícil.
– Pois
é. Na verdade, em comparação a ela, isso não deve doer tanto em mim. Não me
importo de sofrer um pouco mais, sabendo que ela deve estar pior... Seria no
mínimo justo eu passar pelo o mesmo que ela.
– Sim.
Ela é mais sentimental que você.
Se mexeu sobre o colchão mais uma
vez. Sentiu um pouco de peso nas pálpebras. Pensar sobre aquilo lhe causava um
cansaço enorme. A cada segundo em que apenas lembrava algo, era um passo para
aquele abismo de sentimentos. Não sabia mais o que fazer, além de impedir que a
tristeza o abatesse e tentar dormir. Sem sentimentos, sem dor.
Fechou
os olhos e morreu para o mundo.
A mente
ainda funcionava. O subconsciente guardava o que ele verdadeiramente sentia.
Sonhou. Sonhou com ela em seus braços, como na primeira vez em que soube que a
amava. Como ainda ama. Tudo estava
presente em sonhos. O rosto animado dela, o cheiro do perfume, o abraço
confortável e um beijo único. A voz sedutora dela.
– Eu
quero você só pra mim. Tudo bem?
Ele riu
com o que ela lhe dissera.
– Tudo
bem.
– A
única condição é essa. Você pra mim, certo?
– Sabe
que não é bem assim...
– É, eu
sei. Mas eu posso fingir. Até mesmo rir disso. Nunca se sentiu desse modo?
– Nunca.
E você? Já? Em outra ocasião?
–
Talvez.
– Você
só fala "talvez".
Ela
sorriu, com a cabeça encostada no peito dele.
– Tudo
bem. Sempre fui mais sentimental do que você. Mas quem sabe um dia você não
entende?
E ele
entendia. Demorou a perceber isso, mas sim, compreendia. Mesmo em sonhos, tomou
conhecimento disso. Queria ela só pra ele, mesmo sabendo que isso não funciona
do jeito que os dois gostariam. Que ele gostaria. Afinal, ninguém era mais
sentimental do que ele.
Talvez
ela fosse. Mas agora já não estava mais ao seu alcance. Embora ele ainda a
quisesse só para ela.
Mas a
aquela altura, com as escolhas já feitas, só lhe restava pensar sobre aquilo e
chorar. Ou fingir.
E rir.
quarta-feira, 12 de junho de 2013
O dia em que conheci Aline Belim.
Ainda lembro a primeira vez que me deparei com aquela cena. Eu estava no sufoco, enfrentando o calor desgraçado do Rio de Janeiro, quando Aline Belim apareceu para mim pela primeira vez. Não sei como descrevê-la, afinal, toda a situação já é mais do que o suficiente para ter uma visão de quem é senhorita Belim e meu bom senso não me permite fazer um julgamento - muito provavelmente errôneo - acerca de uma pessoa como ela. A vi pela primeira vez na mesma rua onde mataram Jefferson, que, estou quase certo, era chegado a ela também. Coitado. "Um jovem alegre, cheio de vontade de viver". Ao menos é o que dizem as pessoas que o homenagearam. Provavelmente as mesmas que fizeram as palavras sobre Aline, palavras que me levaram a perguntar quem poderia ser essa dama? E cá venho eu (tentar) revelar quem é e quem foi Aline Belim.
Permitindo a mim mesmo fazer uso das palavras de "Os Irmãos", Aline Belim certamente deve ser, de acordo com a minha incerteza e desconhecimentos indubitáveis, de tudo o que mais belo existe; capaz de ser tão sublime quanto mar e o ar. E se um indivíduo qualquer lhe escreve nas paredes de pessoas desconhecidas que irá lhe absolver de seus pecados em nome de Deus, é certo de que Aline Belim é uma moça especial. Amada por muitos e por outros mais.
Segundo dia em que encontrei Aline Belim, foi em outro muro. "Aline Belim, eu luto por você contra o mundo", eram os dizeres. Não me sobra dúvidas de que um homem que comete um pecado (pichação é vandalismo, e vandalismo é crime. Criminosos podem ser considerados dignos do purgatório) com o objetivo de transmitir uma simples mensagem, de que a absolveu (ou "abissolveu", como o dito cujo resolveu se expressar) em nome de Deus; muito me diz que Aline é uma pessoa incrível. E se o mesmo sujeito, cavaleiro cavalheiro indomável, decide pôr a prova as próprias forças e combater todo o mundo apenas por ti... Não há nada que apague minha visão perfeccionista sobre Aline Belim.
Alguns poucos séculos atrás, apostando tudo o que tenho e que não tenho, estou convicto de que Aline Belim seria a musa dos poetas românticos. E quando digo romântico, me refiro tanto a aqueles que vivenciaram o período Romancista da literatura, quanto aqueles realmente românticos. Ah sim, Aline Belim seria vista como uma donzela pura e inalcançável, flechando o coração de rapazes que lutariam contra todas as dificuldades apenas para sofrer de amores por ela. Ou nessa situação embaraçosa, o rapaz.
"Aline Belim, eu absolvo você de todos os pecados em nome de Deus."
E eu aguardei. Torci para poder descobrir mais sobre Aline. Mas nada mais veio. Tive apenas que me contentar com as duas frases enigmáticas que, com o passar dos dias, surgiriam em outros e outros muros; muros de senhoras; muros de famílias; muros de comércios. Muros. Mas nada fez o nosso querido herói além do que lembrar a senhorita Aline Belim de que ele lutaria contra o mundo e absolveria dos pecados. Pergunto-me agora se a alma dela já está pronta para escapar do apocalipse e viver na paz de Cristo.
Ainda espero saber mais sobre Aline Belim. A conheci, mas não a vi, ou ao menos a compreendi. É um segredo que se revela aos poucos com frases e pontas soltas. E por mais que eu tenha lhe conhecido e tentando entender o que se passa na sua vida, ainda me faço curioso: quem és tu, Aline Belim?
Permitindo a mim mesmo fazer uso das palavras de "Os Irmãos", Aline Belim certamente deve ser, de acordo com a minha incerteza e desconhecimentos indubitáveis, de tudo o que mais belo existe; capaz de ser tão sublime quanto mar e o ar. E se um indivíduo qualquer lhe escreve nas paredes de pessoas desconhecidas que irá lhe absolver de seus pecados em nome de Deus, é certo de que Aline Belim é uma moça especial. Amada por muitos e por outros mais.
Segundo dia em que encontrei Aline Belim, foi em outro muro. "Aline Belim, eu luto por você contra o mundo", eram os dizeres. Não me sobra dúvidas de que um homem que comete um pecado (pichação é vandalismo, e vandalismo é crime. Criminosos podem ser considerados dignos do purgatório) com o objetivo de transmitir uma simples mensagem, de que a absolveu (ou "abissolveu", como o dito cujo resolveu se expressar) em nome de Deus; muito me diz que Aline é uma pessoa incrível. E se o mesmo sujeito, cavaleiro cavalheiro indomável, decide pôr a prova as próprias forças e combater todo o mundo apenas por ti... Não há nada que apague minha visão perfeccionista sobre Aline Belim.
Alguns poucos séculos atrás, apostando tudo o que tenho e que não tenho, estou convicto de que Aline Belim seria a musa dos poetas românticos. E quando digo romântico, me refiro tanto a aqueles que vivenciaram o período Romancista da literatura, quanto aqueles realmente românticos. Ah sim, Aline Belim seria vista como uma donzela pura e inalcançável, flechando o coração de rapazes que lutariam contra todas as dificuldades apenas para sofrer de amores por ela. Ou nessa situação embaraçosa, o rapaz.
"Aline Belim, eu absolvo você de todos os pecados em nome de Deus."
E eu aguardei. Torci para poder descobrir mais sobre Aline. Mas nada mais veio. Tive apenas que me contentar com as duas frases enigmáticas que, com o passar dos dias, surgiriam em outros e outros muros; muros de senhoras; muros de famílias; muros de comércios. Muros. Mas nada fez o nosso querido herói além do que lembrar a senhorita Aline Belim de que ele lutaria contra o mundo e absolveria dos pecados. Pergunto-me agora se a alma dela já está pronta para escapar do apocalipse e viver na paz de Cristo.
Ainda espero saber mais sobre Aline Belim. A conheci, mas não a vi, ou ao menos a compreendi. É um segredo que se revela aos poucos com frases e pontas soltas. E por mais que eu tenha lhe conhecido e tentando entender o que se passa na sua vida, ainda me faço curioso: quem és tu, Aline Belim?
segunda-feira, 10 de junho de 2013
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Às vezes...
Às vezes queria poder amar uma jovem de beleza simples. Sem muita maquiagem escondendo sua beleza, sem agir de modo desonesto consigo mesma e que não se importe em demonstrar um belo sorriso sincero. Beleza simples. Ela não precisa ter olhos de mar ou de diamante, pois muito me agrada um tom de caramelo, um simples castanho ou um misterioso olhar escuro.
Queria poder me apaixonar por uma moça de cabelos naturais, sem o liso superficial. Levemente bagunçados, ou presos daquele modo atraente, com uma pequena mecha caindo-lhe em frente ao rosto. Gostaria de me apaixonar por alguém que não tivesse vergonha de rir das coisas simples da vida e das bobagens que saem de minhas cordas vocais. Que se agradasse em aproveitar apenas os momentos genuínos e verdadeiramente felizes
Uma mulher que gostasse de abraços em dias quentes e frios. Que não se incomodasse com minha falta de escrúpulos, beleza e de qualquer carisma. Ignorasse minha cara de psicopata. Alguém que talvez pudesse ver alguma graça em mim. Alguém que não se incomodaria de pousar levemente a cabeça sobre meu peito, e ouvir as batidas ritmadas do meu coração. Que pudesse sentir a vida próximo a ela e estar em sintonia comigo por um simples toque.
Estar junto de uma pessoa perfeita com seus defeitos. Defeitos que muitos veem e observam, mas que eu posso ver e, ao mesmo tempo, não enxergar. Pois a minha definição de "perfeito" tem as suas imperfeições. Uma guria que não se incomodasse em ser ela e que soubesse prezar a si mesma.
Ou talvez eu simplesmente quisesse ser capaz de amar. Alimentar a minha dependência de algo que nunca possuí.
Queria poder me apaixonar por uma moça de cabelos naturais, sem o liso superficial. Levemente bagunçados, ou presos daquele modo atraente, com uma pequena mecha caindo-lhe em frente ao rosto. Gostaria de me apaixonar por alguém que não tivesse vergonha de rir das coisas simples da vida e das bobagens que saem de minhas cordas vocais. Que se agradasse em aproveitar apenas os momentos genuínos e verdadeiramente felizes
Uma mulher que gostasse de abraços em dias quentes e frios. Que não se incomodasse com minha falta de escrúpulos, beleza e de qualquer carisma. Ignorasse minha cara de psicopata. Alguém que talvez pudesse ver alguma graça em mim. Alguém que não se incomodaria de pousar levemente a cabeça sobre meu peito, e ouvir as batidas ritmadas do meu coração. Que pudesse sentir a vida próximo a ela e estar em sintonia comigo por um simples toque.
Estar junto de uma pessoa perfeita com seus defeitos. Defeitos que muitos veem e observam, mas que eu posso ver e, ao mesmo tempo, não enxergar. Pois a minha definição de "perfeito" tem as suas imperfeições. Uma guria que não se incomodasse em ser ela e que soubesse prezar a si mesma.
Ou talvez eu simplesmente quisesse ser capaz de amar. Alimentar a minha dependência de algo que nunca possuí.
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Time Flies
Atravessou a sala ao instante em que
se transformava em uma mera silhueta. A única luz presente era a do pôr-do-sol,
permitindo que aquele cenário fosse apenas o alaranjado e o negro que marcam o
final de um dia vazio. Em passos calmos, sem a menor intenção de ter pressa,
ele arrastava de leve os dedos por seus LP’s
do The Beatles e do grande Jimi Hendrix, entre outros artistas que
lhe marcaram em algum ponto da vida. Cantarolou a primeira música do Sgt. Pepper que veio em mente, enquanto
continuava seu trajeto para o passado. Abriu a porta que dava para a varanda do
prédio. Observou a correria das crianças e permitiu que os gritos animados lhe
alcançassem a alma. Um longo suspiro.
Notou
sua companheira sentada em uma cadeira, relaxada, com um cigarro preso entre os
dedos e uma xícara de café em uma pequena mesa de vidro, própria para isso. Ela
admirava o infinito. Ele se sentou, cruzou as pernas e permaneceu ali,
observando tudo o que se passava ao seu redor.
Sentiu a brisa que acariciava de modo sutil a sua pele velha. Ajeitou os
óculos e mais uma vez suspirou. E então pensava. Refletia. Viajava com sua
mente. Regressou aos tempos em que também poderia correr e gritar como se não
houvesse amanhã. Lembrou-se de quando a conheceu e quando possuía forças o
suficiente para caminhar por todos os lados; energia mais do que necessária
para executar suas provas de amor e trabalhar para sustentar aquele casamento.
Não
se arrependia de nada que havia feito. Ela sempre fora sua mentora e nunca o
guiou por caminhos tenebrosos. Sempre estiveram lado a lado, andando em direção
a aquela enorme estrela amarela que desaparecia, dando espaço para a lua. Outro
longo e profundo suspiro. Pelo canto do olho, de modo tímido, observou-a tomar
um gole do café e, logo em seguida, dar uma tragada em seu cigarro. Ela
repousou a cabeça na cadeira. Continuava tão linda quanto no dia em que a
conhecera. Era assustador como havia mudado tanto com os anos, mas o rosto
insistia em guardar traços que lhe davam a sensação de que nenhum tempo tivesse
a afetado. E os vícios dela, por mais que ele não apoiasse, nunca foram motivos
para tirar o brilho que surgia em seus olhos ao olhá-la.
Ele
achava até cômico as respostas rápidas que ela lhe dava. Habituou-se a aquilo.
“Como consegue fumar tanto?”, ele perguntava. Ela apenas sorria do jeito que
ele sempre gostou. Então balançava a cabeça de um modo alucinado e divertido. E
rindo, lhe respondia: “O tempo voa, meu querido. Algumas coisas chegam a nossas
vidas, outras partem; algumas delas agradáveis e outras nem tanto... E tudo o
que nos resta é percebermos que realmente estamos avançando. O tempo voa, meu
amor. E é hora de aceitarmos tudo o que recebemos, sejam coisas boas ou ruins.
O tempo voa, meu bom homem. E com ele, nós voamos juntos. Então por que não
apenas aceitar os meus defeitos?”
O
velho nunca compreendeu o que ela queria dizer com aquelas palavras. Apenas se
perdia no jeito carinhoso como ela sorria após as palavras, e voltava a fumar.
E podia ver aquilo de novo. Mas então, ele finalmente compreendeu. Compreendeu
que o tempo ia e REALMENTE não voltava mais. Em parte era triste, mas enfim,
num determinado momento de sua vida, soube totalmente o significado daquilo.
Tirou um maço de cigarros do bolso, pegou um e o acendeu. Não o fumou, apenas
estudava cada detalhe do objeto. Nunca aquilo se passou por sua mente, nem nos
momentos sombrios. Ainda cantarolando e com um sorriso enrugado no rosto,
pôs-se a fumar. A mulher já não estava mais sentada ao lado dele. Não em um
plano físico.
Apenas na visão dele. No coração
dele. Uma fumaça ascendeu ao céu, e nas nuvens, pôde ver o rosto dela. E o
vento lhe assobiou sua risada. E sozinho, pensou “o tempo voa, meu amor”.
Uma Vida De A a Z
Ainda Bebia Com
Dois Estranhos Felizardos,
Gastando Horas Intermináveis
Juntando Lindas Memórias.
Naqueles Obscuros Pensamentos
Que Revelavam Sua
Tediosa, Ultrapassada Vida.
Xingava, Zombava. Xucro,
Voltava Ultrajante, Totalmente
Sóbrio. Repentinamente Quedou-se
Pelos Olhos Naquela
Mulher. Linda, Jogava
Infinitas Honrarias. Graciosamente,
Ficou Estático. Decidiu
Caçar Belos Amores.
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